A expectativa de cortes nos juros pelo Federal Reserve nos próximos meses, aliada à manutenção da taxa Selic em 15%, impulsiona a percepção entre analistas de que a tendência de curto prazo da moeda americana no Brasil é de desvalorização, podendo se aproximar de R$ 5,30.
O dólar à vista encerrou o dia com retração de 0,69%, cotado a R$ 5,3537 — o menor valor desde 7 de junho de 2024, quando fechou em R$ 5,3247. Na semana, o recuo acumulado é de 1,11%, e no ano, a queda já soma 13,36%.
Mercado de ações sente realização de lucros
O Ibovespa, principal índice da B3, terminou a sessão em queda, após ter renovado suas máximas históricas no dia anterior. A retração foi puxada por um movimento de realização de lucros.
O indicador caiu 0,61%, aos 142.271,58 pontos, tendo registrado mínima de 142.240,7 pontos e máxima de 143.202,09 pontos ao longo do dia. Na semana, acumulou leve baixa de 0,26%, mas ainda apresenta alta de 0,60% no mês de setembro.
Na quinta-feira (11), a moeda americana já havia cedido 0,30%, fechando a R$ 5,3911, após a divulgação de dados de inflação e emprego nos Estados Unidos, que mantiveram a aposta de que o Federal Reserve poderá reduzir os juros em breve.
Apesar do dólar apresentar recuperação no exterior nesta sexta, impulsionado pelo avanço dos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano (Treasuries), no Brasil a moeda perdeu tração e retomou o viés de baixa, mantendo-se abaixo de R$ 5,40.
Análise de especialistas
Em nota enviada a clientes, José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, destacou que “a região de R$ 5,40 tem se mostrado um ponto de resistência, embora os modelos técnicos indiquem possível queda até R$ 5,30”.
Para o segmento exportador — que se beneficia de cotações mais altas do dólar —, Faria Júnior alerta para “um aumento evidente no risco de continuidade da queda da moeda”.
Incertezas políticas seguem no radar
Apesar do alívio cambial, o ambiente político ainda inspira cautela. Após o julgamento que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão, investidores seguem atentos a possíveis retaliações do presidente dos EUA, Donald Trump, que voltou a emitir críticas ao Brasil em recentes declarações públicas.
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