O governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), declarou nesta segunda-feira (19/05) estar pronto para oferecer suporte à administração municipal de Teresina, diante do colapso orçamentário que atinge a capital. A manifestação ocorreu durante entrevista, em que Fonteles foi indagado sobre possíveis tratativas com o prefeito Sílvio Mendes (União Brasil) a respeito da crise financeira que compromete o funcionamento da cidade. O governador ressaltou que, embora existam divergências políticas, a gestão estadual mantém compromisso inarredável com os teresinenses.
Segundo o chefe do Executivo estadual, já existe uma colaboração efetiva entre o Palácio de Karnak e a Prefeitura em setores estratégicos, como a assistência à saúde. Fonteles recordou que, desde que Mendes assumiu o comando do município, o diálogo institucional foi mantido e a disposição em contribuir com pautas relevantes permanece firme. Ele também citou encontros com os parlamentares federais piauienses e reuniões com os ministros Nísia Trindade (Saúde) e Rui Costa (Casa Civil), centradas na crise sanitária, que absorve parcela significativa dos recursos municipais.
O governador assegurou que o Executivo estadual seguirá comprometido com ações em benefício direto da população teresinense. “Teresina é uma extensão do Piauí. Se a capital enfrenta adversidades, cabe ao Estado cooperar”, asseverou Fonteles. Ele reiterou a intenção de manter o entendimento institucional, inclusive no alinhamento com o Governo Federal, buscando alternativas para reduzir os prejuízos causados pela atual situação fiscal.
Atualmente, a Prefeitura de Teresina enfrenta um passivo total que ultrapassa os R$ 3 bilhões, dividido entre obrigações imediatas e compromissos de longo prazo, além de pendências expressivas da Fundação Municipal de Saúde (FMS). As dívidas de curto prazo — que demandam pagamento urgente — somam mais de R$ 1,1 bilhão, distribuídas da seguinte forma:
- Restos a pagar: R$ 480,9 milhões
- Depósitos e consignações: R$ 280,3 milhões
- Despesas de exercícios anteriores: R$ 124 milhões
- Dívidas com empresas terceirizadas: R$ 212,3 milhões
- Coleta de resíduos sólidos: R$ 22,5 milhões
Já as chamadas dívidas contratadas, de caráter prolongado, totalizam R$ 1,83 bilhão. Esse montante está associado a financiamentos obtidos junto a diversas instituições financeiras, entre elas:
- Banco do Brasil: R$ 620 milhões
- Banco de Brasília (BRB): R$ 100 milhões
- Caixa Econômica Federal: R$ 275,3 milhões
- Banco Mundial: R$ 202,8 milhões
- Banco Andino de Fomento: R$ 123,6 milhões
Além disso, a administração municipal possui pendências com o INSS (R$ 40,2 milhões), FGTS (R$ 8,6 milhões) e débitos previdenciários parcelados com o Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Teresina (IPMT), totalizando R$ 501,9 milhões.
O cenário se agrava diante do comprometimento financeiro da Fundação Municipal de Saúde, que acumula R$ 110,7 milhões em débitos com fornecedores, impactando diretamente serviços essenciais como distribuição de medicamentos, exames clínicos e funcionamento das unidades básicas de saúde.
Somando todos os encargos, a dívida consolidada da Prefeitura alcança o montante de R$ 3.067.631.580,40. A gravidade da situação tem gerado apreensão não apenas entre os gestores públicos, mas também em lideranças políticas e entidades que monitoram o panorama fiscal da capital piauiense.
Diante desse quadro, cresce a expectativa de avanços na interlocução entre o Governo Estadual, o Executivo municipal e a bancada federal, a fim de construir respostas conjuntas. A proposta apresentada por Rafael Fonteles baseia-se em apoio técnico e articulação institucional para reduzir os efeitos da crise, garantindo a continuidade dos serviços essenciais, especialmente nas áreas de saúde e infraestrutura.
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