Em meio às negociações da reforma ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia manter a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) sob comando petista, apesar da pressão do Centrão para indicar um de seus quadros à pasta. A possível troca do atual ministro, Alexandre Padilha (PT), por outro nome do partido facilitaria a eleição de Edinho Silva à presidência do PT, principal preferência de Lula para o comando da legenda.
Centrão busca espaço na articulação política
O Centrão, que domina o Congresso Nacional, tem demonstrado interesse em assumir a SRI, responsável pela interlocução com parlamentares e líderes políticos. Três nomes já surgiram como possíveis substitutos de Padilha. Um deles é o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), ligado ao novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Outro nome é o deputado Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), que também tem o apoio de Motta.
A nomeação de qualquer um desses nomes poderia servir para reduzir a insatisfação de setores da Câmara, que alegam estar sub-representados no primeiro escalão do governo. Além deles, um nome que corre por fora é o do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), que, caso seja escolhido, representaria uma decisão pessoal de Lula.
PT tenta manter influência no governo
Apesar da movimentação do Centrão, ainda não há definição sobre a saída de Padilha. O próprio PT articula para que a vaga permaneça sob seu controle. Uma ala da sigla defende que, caso Padilha seja deslocado para outro ministério, como a Saúde, o substituto na SRI seja o deputado José Guimarães (PT-CE).
A indicação de Guimarães, além de manter o PT na articulação política, influenciaria diretamente na eleição interna da legenda. Como possível candidato à presidência do partido, sua nomeação ao ministério o tiraria da disputa e abriria caminho para Edinho Silva, favorito de Lula para o comando petista.
Decisão estratégica
Com isso, Lula precisará equilibrar as pressões de sua base política. Se ceder ao Centrão, fortalecerá sua relação com a Câmara e poderá obter maior apoio legislativo. Se optar por manter o PT na SRI, consolidará o controle do partido sobre os ministérios do Palácio do Planalto e facilitará sua estratégia para o futuro da legenda. A decisão do presidente, portanto, terá impactos não apenas na governabilidade, mas também no rumo interno do Partido dos Trabalhadores.