Durante participação no programa Roda Viva, transmitido pela TV Cultura na noite desta segunda-feira (28), o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), utilizou o espaço de alcance nacional para reiterar seu compromisso com o desenvolvimento do estado, combinando confiança política, projetos estruturantes e críticas à estagnação histórica da região. A frase emblemática — “Desejamos que o mais frágil levante voo primeiro” — traduz sua prioridade de gestão: um progresso inclusivo e socialmente justo.
Fonteles posicionou o Piauí como protagonista na revolução energética sustentável, destacando iniciativas em hidrogênio verde e avanços na superação de escassez hídrica. “Temos vocação natural para práticas sustentáveis. Este é o território mais promissor para se investir”, declarou, ao mencionar também o potencial em fontes limpas e a extração de minérios como ferro e níquel. Sem evitar temas controversos, respaldou a exploração petrolífera na Margem Equatorial, desde que compatibilizada com a proteção ambiental: “Contamos com a maior cobertura vegetal para harmonizar progresso e preservação”, pontuou.
O governador fez duras críticas à criminalidade organizada, defendendo penas mais severas, mas reconheceu gargalos institucionais. Direcionou críticas à Agespisa, responsável pelo fornecimento de água e saneamento: “Há duas décadas sem alcançar cobertura total. Não possui estrutura financeira para atender adequadamente. A solução? Concessões com obrigações contratuais de expansão para áreas rurais e pequenas cidades, modelo que já desperta o interesse do setor privado”, explicou.
Partido mantém diretrizes
Ao tratar do cenário eleitoral, Rafael projetou a reeleição de Lula como provável em 2026, comemorando a robustez da aliança partidária no estado — PT, MDB e PSD — que hoje controla 180 dos 224 municípios piauienses. Reconheceu, contudo, a necessidade de pragmatismo nas novas filiações, desde que alinhadas aos valores do partido. Também defendeu a responsabilização dos envolvidos nos atos antidemocráticos de 2022 e 2023, e defendeu uma reforma política que unifique o calendário eleitoral entre os três níveis federativos.
A tentativa de inserir o Piauí no debate nacional é louvável, mas exige a materialização das propostas. A mineração e o setor energético prometem dividendos, porém demandam vigilância para evitar impactos ambientais, como já ocorreu em outras regiões. A Agespisa representa um desafio antigo: sem mecanismos de controle e transparência, até mesmo os novos modelos de concessão correm o risco de repetir falhas do passado.
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