Início » Cegonhas reborn: o afeto por trás da febre dos bebês realistas

Cegonhas reborn: o afeto por trás da febre dos bebês realistas

A aprovação do “Dia da Cegonha Reborn” é vista como um marco de valorização para uma atividade que une arte, terapia e emoção. O texto do projeto reconhece que os bebês reborn vão muito além do universo do entretenimento — eles tocam realidades, afetam vidas e despertam vínculos.

por Editoria Democracias

Rio de Janeiro — A Câmara Municipal do Rio aprovou, na última quarta-feira (7), o Projeto de Lei nº 1892/2023, que cria o Dia da Cegonha Reborn, a ser comemorado anualmente em 4 de setembro. A proposta, que agora segue para sanção do prefeito Eduardo Paes (PSD), reconhece oficialmente a atuação das artesãs por trás dos populares bebês reborn — bonecos hiper-realistas que vêm ganhando cada vez mais espaço no Brasil.

O projeto destaca que, assim como o nascimento de um bebê é um marco na vida de uma mulher, o momento de “adotar” um reborn também pode representar uma experiência singular, sobretudo para aquelas que encontram nos bonecos um suporte emocional ou terapêutico. Há registros crescentes do uso desses bebês por psicólogos em tratamentos contra ansiedade, depressão e luto, além de servirem como ferramenta de estímulo motor para crianças.

Quem são as cegonhas reborn?

Por trás de cada bebê reborn existe uma “cegonha” — nome carinhoso atribuído às artesãs que moldam, pintam, montam e entregam essas criações únicas. Cada boneco leva dias para ficar pronto, com cabelos implantados fio a fio, pintura delicada e detalhes que imitam com perfeição as feições de um recém-nascido.

A artesã Elisabete Ferreira, do Recife, comanda o ateliê “Bebês dos Sonhos” e é uma das referências nesse segmento. Em entrevista ao Metrópoles, ela compartilha a intensidade emocional que envolve o processo:

“Quando finalizo um bebê, parece que pari. É muito difícil me desapegar. Já tive cliente trazendo o boneco para restauração, e quando vejo que não é o mesmo que saiu daqui, dá até uma dor”, relata.

Os bebês criados por Elisabete custam entre R$ 850 e R$ 5.500, dependendo do material e realismo. Os modelos mais sofisticados, feitos de silicone, podem até tomar banho.

Mais que brinquedo, uma companhia afetiva

Mais do que bonecos, os reborn ganham status de companheiros. Elisabete conta que uma cliente de 79 anos relatou ter encontrado propósito de vida ao adotar um dos seus bebês. “Ela se sentia sozinha. Hoje, cuidar dele dá a ela uma rotina, um motivo diário.”

Além do acolhimento emocional, as cegonhas reborn destacam outros benefícios: o estímulo ao desenvolvimento motor infantil, por meio de atividades como vestir, carregar ou colocar o boneco no berço, e a presença constante e silenciosa que ajuda adultos a enfrentar a solidão, sem a exaustão dos cuidados com um bebê real.

Reconhecimento e sensibilidade

A aprovação do “Dia da Cegonha Reborn” é vista como um marco de valorização para uma atividade que une arte, terapia e emoção. O texto do projeto reconhece que os bebês reborn vão muito além do universo do entretenimento — eles tocam realidades, afetam vidas e despertam vínculos.

DEMOCRACIAS

você pode gostar