O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, abriu a sessão de quinta-feira (14/11) abordando o atentado ocorrido em frente ao STF no dia anterior. Durante o episódio, Francisco Wanderley Luiz provocou uma explosão ao deitar-se sobre um artefato, resultando em sua morte imediata. Em seu discurso, Barroso lamentou o ocorrido e questionou o crescente clima de intolerância no país, afirmando que o ataque evidencia a necessidade urgente de responsabilizar aqueles que atentam contra a democracia.
O ministro refletiu sobre o impacto do ódio e da violência que se instauraram no ambiente social brasileiro, afirmando: “Onde foi que nós perdemos a luz da nossa alma afetuosa, alegre e fraterna para a escuridão do ódio, da agressividade e da violência?” Segundo Barroso, o Brasil está absorvendo “mercadorias espiritualmente defeituosas” de outras nações que vivem desajustes históricos. Ele também relembrou eventos recentes que desafiaram a democracia e as instituições, destacando, entre outros, as invasões de janeiro de 2023 às sedes dos Três Poderes e as agressões a ministros e autoridades.
Ao descrever os eventos da noite de quarta-feira, Barroso detalhou a sequência de ações do suspeito. Francisco Wanderley Luiz aproximou-se da Estátua da Justiça, em frente ao STF, com uma mochila e um extintor de incêndio, despertando a atenção de seguranças. Após lançar dois artefatos, um dos quais explodiu próximo ao prédio, o suspeito, cercado pelos agentes, deitou-se sobre um último explosivo, que resultou em sua morte. Após a explosão, o local foi isolado pela Polícia Judicial, enquanto as polícias Militar e Federal seguiram com as investigações, que duraram até a manhã de quinta-feira.
Em coletiva à imprensa, Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, revelou que o autor do atentado tinha a intenção de matar ministros do STF, em especial o ministro Alexandre de Moraes, que seria o alvo principal. Rodrigues destacou que Francisco Wanderley possuía uma grande quantidade de explosivos em sua residência em Ceilândia, Brasília, onde uma operação policial desativou materiais perigosos, reforçando o alto nível de ameaça representado pelo suspeito.
O diretor-geral da PF ressaltou que este não é um caso isolado, mas uma extensão de investigações sobre grupos extremistas ativos no Brasil. Ele pontuou que os explosivos, embora artesanais, tinham grande poder de destruição. Investigações preliminares indicam que Francisco Wanderley planejou o ataque com antecedência e esteve em Brasília no início de 2023, mas sua participação nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro ainda está sendo investigada.
A ação das forças de segurança foi elogiada por Barroso, que cumprimentou os agentes do STF e as polícias Federal e do Distrito Federal pela atuação eficiente no caso.
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